A Academia Espírito-santense de Letras foi fundada em 04 de setembro de 1921, idealizada por três jovens intelectuais: o professor Elpídio Pimentel, o jornalista Garcia de Rezende e o advogado Alarico de Freitas, 25 anos depois de sua congênere-mater, a Academia Brasileira de Letras, fundada por Machado de Assis e seus pares, em 1896. Inicialmente, ela foi constituída por vinte membros, dentre os que atuavam em Vitória e na Capital Federal, o Rio de Janeiro. A primeira década foi a de constituição da entidade, com a elaboração de estatutos, regimento e a posse de seus primeiros acadêmicos. Com a chegada dos revoltosos de 1930, a maioria dos seus membros se dispersou, pois perderam cargos e funções que ocupavam na República Velha, dentre os quais, o próprio governador, Aristeu Borges de Aguiar, que se exilou em Portugal. A AEL entra em um período de recessão, só voltando a funcionar, a partir de 1938, com a intercessão de Archimimo Matos, meu antecessor na cadeira 6, a eleição de novos membros e a ampliação do número de cadeiras para 30 e, posteriormente, 40.
A partir da inauguração do edifício do Ruralbank, na década de 1940, por intermédio de seu presidente, Mário Freire, filho do Prof. Aristides Freire, um dos fundadores, a AEL passou a contar com uma sede, no terceiro andar do prédio. Ali os acadêmicos faziam suas reuniões, davam palestras e cursos, posses a novos acadêmicos e inauguram a biblioteca com o acervo doado pelo acadêmico Saul de Navarro, após a sua morte, em 1945. Isso durou até a década de 1960, quando o prédio veio abaixo, na década de 1960, para a construção do atual edifício do Banestes. Infelizmente, a maior parte do acervo bibliográfico e documental da AEL se perdeu, incluindo os quadros de Patronos & Acadêmicos e a maior parte dos livros de Saul de Navarro. Daí para frente, as reuniões passaram a ocorrer no palacete do Prof. Kozciusko Leão, que o doou, juntamente com sua esposa, Da. Laurinha, para a AEL, após a sua morte, em 1979.
Nas décadas de 1980 e 1990, a AEL passou a se dedicar mais à preservação da memória literária capixaba, com a publicação do primeiro livro de Patronos & Acadêmicos, em 1985, organizado por Elmo Elton, a publicação de dois volumes da antologia Torta Capixaba com a produção literária dos acadêmicos e a primeira Revista da AEL, feita no seu 70º aniversário, em 1991. A partir de 1998, essa Revista passou a ser anual e, atualmente, encontra-se em seu volume 30. A partir de 2007, a AEL passou a efetuar convênio com a Secretaria de Cultura da PMV, para a publicação de livros das Col. Roberto Almada, Escritos de Vitória e José Costa. Nestes 17 anos, cerca de cem livros já foram publicados e distribuídos aos leitores capixabas, sempre lançados em dezembro com grande sucesso de público.
Muitos perguntam para que serve uma Academia de Letras, sobretudo em um país em que se lê tão pouco? E a primeira resposta é esta: para divulgar a leitura e a literatura como essenciais ao ser humano e a uma sociedade letrada. Em segundo lugar, para preservar a memória literária e cultural de nosso Estado, como reforço à fixação de nossa identidade. Para isso, desenvolvemos projetos como a Academia vai à escola e a Escola vai à Academia. Acreditamos, como o mestre Antônio Cândido, que a “literatura desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos torna compreensivos para com a natureza, a sociedade e o semelhante”. Parabéns à AEL pelos seus 103 anos e à nossa Presidente e atual Diretoria que a conduzem com segurança, nestes tempos tão conturbados e perigosos à democracia.