Desde a redemocratização, nunca um prefeito da capital deixou seu cargo antes do fim do mandato para concorrer em outra eleição. A cadeira do Executivo da capital, no entanto, teve sempre grande capacidade de promover e impulsionar carreiras políticas. Vitor Buaiz e Paulo Hartung alcançaram o comando do Palácio Anchieta depois de comandarem a cidade.
Agora, acompanhamos uma grande disputa nos bastidores pela cadeira de vice em várias chapas e uma pergunta sempre presente ao lado da indefinição: você vai completar um segundo mandato? Neste final de semana, o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo, foi incitado a responder e disse que não.
O prefeito de Vitória e candidato à reeleição, Lorenzo Pazolini, não diz, não nega e mantém em suspense o desejo de suceder Renato Casagrande em 2026. Para isso, ele precisaria entrar para História como primeiro a deixar o cargo para o vice. E essa situação aumenta cada dia mais a expectativa e as pressões dos aliados em torno de sua candidatura.
Ter um vice que se torne um bom cabo eleitoral é fundamental, caso as apostas que esse seja o caminho escolhido por ele. Mas, por outro lado, é preciso ter um nome que possa ser apresentado ao eleitor de Vitória e o convença a votar em um eventual “desconhecido” para administrar a cidade por quase três anos.
Isso sem levar em conta que Pazolini divide os votos da direita com o PL do deputado estadual Capitão Assumção que, se hoje não tem desempenho nas pesquisas capaz de assustar o núcleo da campanha do atual prefeito, conta com o apoio de Jair Bolsonaro. E isso pode explicitar a necessidade de Pazolini encontrar o que no Brasil não existe há algumas eleições: o voto sem polarização do eleitor de centro.
Espremido entre bolsonaristas e lulistas, o prefeito de Vitória, com o discurso de abandono do posto, pode ter de anunciar, em algum momento, metaforicamente, que seu vice será ele mesmo. O risco que corre ao escolher outro caminho e um nome pouco convincente a eleitores e aliados é acabar, sem metáforas, sozinho ele mesmo nessa história toda.