A recente controvérsia em Canoinhas, Santa Catarina, chama a atenção para o extremismo político que permeia o Brasil. A prefeita da cidade, Juliana Maciel (PL), publicou um vídeo em suas redes sociais jogando livros no lixo e incentivando outros prefeitos a seguir seu exemplo. Esta atitude, além de demonstrar um desrespeito profundo pelo conhecimento, reflete uma tendência preocupante de polarização política e censura.
Os livros descartados, “Aparelho Sexual e Cia: Um Guia Inusitado Para Crianças Descoladas” e “As Melhores do Analista de Bagé”, foram retirados da Mundoteca, uma iniciativa do Ministério da Cultura e do Governo Federal, financiada pela Lei Rouanet. Maciel condenou os livros alegando que eles não condiziam com os “valores” que ela acredita ser apropriados para crianças e adolescentes.
Esta ação é extremamente preocupante. A censura literária e a ideologização da educação não são características de uma sociedade democrática. Seria mais sensato garantir que cada obra fosse acessada de acordo com a idade indicada. Afinal, é premissa básica da saúde que adolescentes, por exemplo, tenham conhecimento sobre o aparelho sexual.
A Mundoteca e o Ministério da Cultura esclareceram que os livros em questão nunca foram destinados ou emprestados a crianças. “Aparelho Sexual e Cia” é indicado para o público juvenil e “As Melhores do Analista de Bagé” é recomendado para o público adulto.
É preciso destacar a importância da literatura na formação dos jovens. O conhecimento, seja ele qual for, forma o caráter e molda o futuro das crianças. Cercear o acesso a ele é uma tentativa desesperada de fazer valer apenas uma forma de se ver a sociedade. Censurar livros é negar aos jovens a oportunidade de explorar diferentes perspectivas e ideias, limitando assim seu desenvolvimento intelectual.
A atitude de Maciel também subestima a capacidade dos jovens de pensar criticamente. Eles são capazes de interpretar e questionar o que leem e não são simplesmente receptores passivos de informação.
O caso de Canoinhas é um lembrete alarmante do perigo do extremismo político. Quando a ideologia prevalece sobre o respeito à educação e à liberdade de expressão, a sociedade como um todo sofre.