Getúlio Dornelles Vargas nasceu no dia 19 de abril de 1883, como ariano, ele desenvolveu seu lado competitivo e autoritário, assim como seu forte espírito de liderança, criatividade e personalidade marcante. Natural de São Borja, no Rio Grande do Sul, desde cedo apresentou gosto pela política. Advogado, estudou na Faculdade de Direito de Porto Alegre e foi lá que ele se aproximou de grupos políticos e entrou para os círculos de poder mais importantes de seu Estado. Com seu corpinho de bailarino espanhol e o bigodão da moda, conquistou o coração de Darcy Lima Sarmanho, com quem se casou e teve 3 filhos e duas filhas. Antes dos 30 anos já havia se tornado deputado estadual por dois mandatos consecutivos pelo Partido Republicano. Mais tarde foi eleito deputado federal, também por dois mandatos. Entre os anos de 1926 e 1927 foi Ministro da Fazenda do então Presidente da República Washington Luís.
Quando disputou as eleições para a Presidência da República em 1930 pela Aliança Liberal, fez parte de uma coalizão de forças dissidentes que prometiam a modernização do país junto com a concessão de direitos sociais. Getúlio perdeu nas urnas, mas seus aliados não aceitaram a derrota facilmente, alegaram fraude. O fato é que, em outubro de 1930, Getúlio tomou o poder com seu uniforme da Brigada, e partiu de Porto Alegre de trem em um comboio militar.
Vargas desde o início de seu governo foi um reformador, remodelou o Exército, fundou os Ministérios do Trabalho, Comércio e Indústria e o Ministério da Educação e Saúde Pública. Ele parece ter tido um cuidado especial com as questões da educação e do trabalho. Criou leis de proteção ao trabalhador tais como a jornada de trabalho de 8 horas, regulação do trabalho da mulher e do menor, lei de férias, instituição da carteira de trabalho e do direito a pensões e à aposentadoria. Por outro lado, reprimiu as organizações de trabalhadores e colocou os sindicatos sob controle do Estado.
Durante o Governo Provisório, já pretendia se perpetuar no poder, mas ao sentir as pressões para convocar novas eleições ele criou, em 1932, um Código Eleitoral que previa o voto secreto e o direito de as mulheres votarem e serem eleitas. Mesmo assim, não conseguiu evitar a Revolução Constitucionalista de 1932 que ele acabou conseguindo sufocar, mas que alcançou seu objetivo, a convocação de eleições para presidente e uma Assembleia Constituinte.
Assim é que Getúlio virou Presidente eleito pelo voto secreto e indireto em 1934 e assim permaneceu até 1937, quando então deu um Golpe de Estado e se tornou ditador. Ele nunca gostou de opositores, fossem eles, de direita, de esquerda ou de centro. Por isso não titubeou em os perseguir, exilar e prender. Foi um simpatizante do fascismo europeu, e pró-nazista, pois manteve relações do governo brasileiro com o governo de Hitler. Foi líder de um Estado repressor e autoritário, especialmente durante o Estado Novo (1937-1945). Mas, mesmo antes do Golpe de 1937, já havia criado todo um aparato de vigilância dos cidadãos, como a Lei de Segurança Nacional, de 1935, que definia os crimes contra a ordem política e social, e o Tribunal de Segurança Nacional, que funcionou a partir de 1936, em rito sumário mandava os inimigos do regime para a prisão. E tinha também a polícia política com sua Delegacia Especial de Segurança Política e Social (DESP) e o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), que fazia a censura.
Controverso, esse é o mesmo Getúlio que valorizou a cultura popular, era um nacionalista que investiu no samba e institucionalizou o Carnaval como a maior festa popular do país, e fez do rádio e do cinema, os maiores veículos de comunicação de massa. Criou a Hora do Brasil, investiu em Programas de Auditório. Criou o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), com anteprojeto de Mário de Andrade, e que começou a funcionar em caráter experimental justamente no dia do aniversário do Presidente, 19/04/1936. E já no início de seus dias de ditador, lançou um decreto/lei instituindo o tombamento, que foi vanguarda em matéria de legislação de preservação de patrimônio cultural brasileiro.
Não gostava de anarquistas, nem de malandros, nem de comunistas, nem de mendigos. Detestava a vadiagem! Valorizava o trabalho, e tinha a carteira de trabalho como o principal documento de cidadania. Foi deposto em 1945, mas não sem antes criar o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Foi eleito Senador e participou da Constituinte, mas dizem que nunca foi para o Rio de Janeiro, Distrito Federal nesse período. Só retornou para tomar posse quando foi reeleito Presidente da República em 1951.
Nesse seu segundo governo (1951-1954) ele continuou sendo o que sempre foi, às vezes enigmático, sempre polêmico, grande estrategista político e autoritário. O Brasil havia mudado. Seus projetos para o desenvolvimento e controle da economia visando o bem-estar social dos trabalhadores, e sobretudo valorizar a indústria nacional não iria agradar a todos. Mesmo com o sucesso da criação da Petrobrás e o impulso que deu à siderurgia, não foi fácil administrar o país sob um regime democrático e uma oposição tão vociferante. Os salários nem sempre eram satisfatórios, a inflação em alta, a crise começou a se generalizar. Seus últimos dias foram desesperadores. Confinado no Catete, lúcido até o último minuto, conseguiu atrasar um Golpe Militar que se formava em torno dele em pelo menos 10 anos. E assim, como ele mesmo disse, saiu da vida para entrar para história com um tiro no peito na manhã do dia 24/08/1954.