O mergulho de Sérgio Meneguelli e algumas escolhas da pré-campanha de Renzo Vasconcelos podem estar por trás da ultrapassagem de Guerino Balestrassi em Colatina. Deputado estadual pelo Republicanos, siga que na cidade apoia a candidatura do presidente do PSD no Estado, Meneguelli liderava a pesquisa do Instituto Futura em 31 de julho, no cenário em que seu nome era apresentado, e se tornou um dos principais cabos eleitorais da corrida. Ele, no entanto, mantém até hoje silêncio sobre as eleições no município e, nos últimos dias, postou sua participação em eventos em São Paulo e em Nova Iorque, bem distante da disputa local.
Retirando Meneguelli da equação, a primeira rodada do Futura apontava vantagem para Renzo. Um mês atrás, ele aparecia com 36,8% contra 28,9% das intenções de voto no prefeito candidato à reeleição. Guerino, naquele levantamento, aparecia com rejeição de 37% dos colatinenses, enquanto Renzo era preterido por 22,6%. Passado um mês, a rejeição do candidato do PSD permaneceu igual, mas o nome do MDB conseguiu melhorar sua imagem frente ao eleitorado e o índice baixou para 25,1%, uma queda de 11,7 pontos porcentuais e bem acima da margem de erro indicada pelo Instituto que é de 4,9 p.p.
A nova pesquisa no município, publicada pelo portal Folha Vitória, aponta para uma virada no jogo. Renzo agora teria 28,5%, uma queda de 8,3 pontos porcentuais em relação à primeira rodada de entrevistas. Guerino, por sua vez, subiu dos 28,9% para 35% entre um e outro levantamentos. Nas respostas espontâneas, quando o eleitor informa sua intenção de voto sem nenhuma opção ser apresentada, a lembrança pelo nome do atual prefeito subiu de 20,4% para 26,8%. Pelo presidente estadual do PSD esse índice caiu de 20,4% para 18,9%, com números oscilando dentro da margem de erro para os dois concorrentes.
O fator Meneguelli pode ajudar a entender um dos motivos para Renzo não ter deslanchado na cidade. O silêncio de ouro do deputado favorece Guerino na medida em que ele não precisa disputar contra a imensa popularidade do parlamentar na cidade. Mas há outras pistas no levantamento do Futura para compreender o que acontece em Colatina em relação às campanhas. Como prefeito no cargo, é natural e esperado que o candidato do MDB tenha uma lembrança maior por parte do eleitorado, para o bem e para o mal. Mas a pesquisa traz um dado bastante curioso ao serem levados em conta os currículos de cada concorrente.
Saúde e Educação
No levantamento publicado nesta quinta-feira, 51% dos entrevistados apontaram que a Saúde na cidade precisa melhorar, a Educação aparece com 34,8% e a Segurança com 10,8%. Os dados são interessantes por três motivos bastante simples. Primeiro, se a população estabelece com números tão expressivos o desejo de melhorias nos serviços de saúde e educação, o atual responsável pela gestão criticada seria o candidato à reeleição que inclusive já administrou a cidade outras duas vezes e elegeu seu sucessor, Leonardo Deptulski.
Segundo motivo: a família de Renzo, fato de conhecimento mais que notório na cidade, administra um dos principais hospitais do Estado, o São José, realiza atendimentos clínicos no Unesc Saúde e possui um centro universitário que, entre outros cursos, oferece Medicina, Odontologia e Enfermagem. Seria de se esperar que, sendo a Saúde a preocupação de mais da metade da população e a Educação, de mais de um terço, Renzo se tornasse mais competitivo na medida que a pré-campanha avançasse e tivesse início a corrida eleitoral oficial.
Mas aparentemente não foi isso que aconteceu. E a explicação pode estar contida no terceiro motivo. Desde a pré-campanha, Renzo não se apresentou como candidato da Saúde e da Educação, apesar dos pré-requisitos que tem para reivindicar essa posição. Diferente disso, no período anterior à corrida eleitoral, sua equipe focou insistentemente nos problemas de mobilidade e de segurança na cidade e colocou o candidato em uma roupagem genérica, com o slogan “Colatina Forte, Povo Feliz”. O problema é que mobilidade urbana e trânsito estão entre as menores preocupações dos colatinenses, com 3,1% e 4,3%, segundo dados do Futura.
Guerino, por sua vez, lançou uma campanha com o objetivo de dizer que os quatro anos de seu terceiro mandato foram um período de semeadura e agora, ou seja, numa eventual reeleição, seria o momento de colher os frutos da gestão. É uma estratégia interessante, uma vez que, de certa forma, vacina a campanha contra avaliações negativas da atual situação que os moradores criticam. Não é difícil imaginar que, ao ser cobrado, o prefeito apresente o mote de campanha como resposta. Algo como, plantamos e agora virão os resultados.
Em todo caso, o cenário apontado pelo Instituto Futura na cidade, revela a importância de valorizar os levantamentos e pesquisas na elaboração de projetos de comunicação com o público. Com o começo da propaganda eleitoral de rádio e TV na cidade e os futuros debates entre os candidatos, será possível ter um quadro mais apurado que confirme ou refute as tendências apontadas pelos números até aqui.