Pesquisa divulgada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em 5 de agosto, trouxe informações relevantes para o debate da inserção do jovem no mercado de trabalho. O documento ‘Performance dos jovens no mercado de trabalho’ foi assinado por Janaína Feijó e Paulo Peruchetti.
Em síntese, “a alta incidência de jovens entre 18 e 24 anos em ocupações de baixa complexidade e alta informalidade repercute diretamente nos ganhos oriundos do seu trabalho”. Os autores destacaram que “os salários refletem a produtividade do trabalhador e que, por sua vez, está relacionada ao grau de complexidade da função, nível educacional e experiência”.
Sabemos que a desindustrialização, o empobrecimento da estrutura produtiva, a reforma trabalhista e o enfraquecimento dos sindicatos contribuíram para as perdas dos trabalhadores brasileiros. Nesse sentido, enquanto a economia brasileira não for alavancada por setores mais dinâmicos, a geração de empregos continuará concentrada em atividades com menores remunerações.
Para os autores, a “necessidade de trabalhar, a baixa escolaridade e a pouca experiência influenciam diretamente o tipo e a qualidade dos postos de trabalho dos jovens empregados”. Alguns jovens enfrentam dilemas na inserção laboral.
De acordo com os autores, “o trade-off entre trabalho e estudo acontece de forma mais intensa para o grupo etário de 18 a 24 anos”. Afinal, “nessa fase da vida, a entrada na universidade pode postergar a inserção do jovem no mercado de trabalho, mas aumenta as suas chances de ter um emprego melhor após alguns anos”.
Jovens que apenas trabalham comprometem as suas oportunidades e ganhos salariais futuros. Em um mercado de trabalho estruturalmente precário e influenciado por transformações e absorção de novas tecnologias, a qualificação se torna relevante. As performances dos jovens no mercado de trabalho são regionalmente diferenciadas no Brasil.
Entre 15 e 29 anos, a taxa de desemprego no primeiro trimestre de 2024 foi de 14,2%. Segundo Feijó e Peruchetti, “a idade tende a ser negativamente correlacionada com desemprego, ou seja, quanto mais elevado o grupo etário, menor a ocorrência de desemprego”. Entre 15 e 17 anos, o desemprego foi de 30,5% no mesmo período.
Os desafios, para os autores, consistem em buscar uma conciliação entre trabalho e estudo, pois “centenas de jovens brasileiros possuem condições socioeconômicas que não os permitem apenas estudar e/ou compreendem que apenas trabalhar sem se qualificar pode comprometer a longo prazo sua renda”. Feijó e Peruchetti afirmaram que “a informalidade tem sido um dos principais problemas do mercado de trabalho brasileiro nas últimas décadas e é, ainda hoje, uma das principais formas de absorver jovens no mercado de trabalho”.
Conforme vem divulgando o IBGE, a informalidade tem se mantido no patamar de 39% para os trabalhadores ocupados. A informalidade para jovens entre 18 e 24 anos foi de 41,7% no primeiro trimestre de 2024. Há 48 milhões de jovens com idade entre 15 e 29 anos e que correspondem a 27,4% da população brasileira em idade para trabalhar. Eles demandam programas de capacitação, requalificação e políticas de primeiro emprego.