O presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos (União Brasil), programou e está divulgando um dos eventos políticos mais curiosos desta eleição. Na região do Sambão do Povo, em Vitória, o deputado pretende reunir no sábado para uma conversa sobre política, assim despretensiosamente, os candidatos a prefeito de Vila Velha Arnaldinho Borgo (Podemos), de Cariacica Euclério Sampaio (MDB), de Viana Wanderson Bueno (Podemos), de Vitória Lorenzo Pazolini (Republicanos) e da Serra Pablo Muribeca (Republicanos). Com o título “Dialoga Região Metropolitana”, o evento parece pretender expressar a ideia que Santos tem a capacidade de articulação e de aglutinação política que faltaria ao governador Renato Casagrande (PSB).
Divulgado nas redes sociais de Santos, o evento até agora só foi compartilhado por Muribeca, que curiosamente é, ao mesmo tempo, o único dos convidados que nem é prefeito candidato à reeleição e nem lidera pesquisas de opinião. Os outros quatro políticos com mandato ainda não informaram sobre suas participações e nem convocaram seus militantes a comparecer, o que, aliás, nem faz realmente muito sentido. Será de fato bastante curioso ver cabos eleitorais do União Brasil, do Podemos e do MDB na capital aplaudindo Pazolini.
Na cidade, a sigla do próprio Santos não apoia o prefeito e está no palanque tucano de Luiz Paulo Vellozo Lucas com as bênçãos de Casagrande. Mesmo na Serra, o União declarou apoio a Muribeca, mas os candidatos a vereador ficaram ao lado do prefeito Sérgio Vidigal (PDT) e de seu candidato à sucessão, Weverson Meireles. O presidente da Assembleia foi eleito em 2022 pelo Podemos, que hoje, na Serra, também está no palanque de Weverson e Vidigal.
A presença dos prefeitos Arnaldinho e Wanderson em um encontro que fortaleça Muribeca e Pazolini seria assim um desalinho da costura feita por Casagrande para as eleições. Euclério, que nesta segunda teve no palco de lançamento de sua campanha tanto o governador como Santos, também não parece ter razões para dar esse passo e emprestar seu prestígio aos candidatos do deputado estadual em outras cidades. Curiosamente, o comício de Euclério marcou o retorno das aparições públicas em palanques eleitorais de Casagrande, algo que ele disse, na pré-campanha, tentaria evitar. Não conseguiu.
O tema título do encontro organizado por Santos soa quase como uma provocação a Casagrande. Dialoga Região Metropolitana poderia não significar muita coisa, mas acaba por ser uma defesa a Pazolini. A falta de conversa do prefeito da capital com o Executivo do Estado é uma das principais críticas políticas a ele e apresentá-lo como alguém aberto ao debate com os demais prefeitos e o presidente da Assembleia é com todas as letras dizer que o silêncio ocorre por causa do ocupante do Palácio Anchieta, que aliás é sonho de quase todos os envolvidos no evento de sábado.
Mas 2026, ainda que fortemente influenciado pelos votos de outubro. ainda está a dois anos de distância e, no meio do caminho, Santos precisa se manter na presidência da Assembleia e sustentar uma boa relação com Casagrande e com os deputados federais Da Vitória e Gilson Daniel, presidentes estaduais do PP e do Podemos. Os dois parlamentares foram ativos participantes das costuras para as coligações nos municípios e têm interesses de longo prazo após a divulgação dos resultados do pleito deste ano. Mesmo em sua nova casa, o União Brasil, Marcelo Santos não teve tempo de desempacotar a mudança e já quis levar a sigla para Pazolini, no que foi prontamente bloqueado pelo secretário do Meio Ambiente, o linharense Felipe Rigoni, que preside a sigla no Estado.
Vai ser um evento bastante curioso este o de sábado pela manhã. No convite, Marcelo Santos diz que “essa também vai ser uma excelente oportunidade de demonstrar o nosso apoio e dar aquela força a essas figuras importantes da Grande Vitória”. Talvez, o deputado presidente da Assembleia, uma casa legislativa com 30 membros, devesse ampliar o número de convidados para evitar ou uma festa vazia ou que gere ressaca política nos dias seguintes.