Nos primeiros dez dias de campanha oficial, o sistema Pardal, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), recebeu 320 denúncias contra os candidatos a prefeituras e câmaras de vereadores no Espírito Santo. O número está muito abaixo da média da eleição de quatro anos atrás. Em 2020, foram 6.004 queixas, uma média diária de 100 se considerarmos 60 dias de propaganda eleitoral de primeiro e segundo turnos. Os dados demonstram menos o aumento do respeito das chapas e partidos pelas regras e mais o quanto todas as legendas estão demorando para engrenar suas participações nas ruas e nas redes.
Como é o começo do período de propaganda, a diferença de 32 para 100 reclamações diárias pode parecer normal, mas cabe lembrar que o pleito de 2020 ocorreu em meio à pandemia de Covid e às regras de isolamento social. Dois anos atrás, nas eleições para presidente, governador e deputados federais e estaduais, o Pardal recebeu 1.059 denúncias no Estado, média em 60 dias de 17,65. E isso com muito menos candidatos envolvidos na disputa. O que acontece até aqui nessa corrida eleitoral parece ser uma desmobilização geral em relação ao pleito.
Mas os números do TSE trazem dados interessantes. Em apenas cinco estados do País, a média de reclamações neste início de eleição está maior que a de 2020, mesmo em meio à pandemia. A sensação geral de que não há campanha na rua, demonstrada pelos índices de “não sabe ou não respondeu” das pesquisas de opinião, é confirmada por essa queda no impacto dos candidatos junto ao eleitorado até aqui. Trata-se de estatística de causa e efeito, quanto maior a presença dos candidatos, maior o atrito e maior a quantidade de queixas. E isso não depende de os envolvidos na disputa serem mais ou menos educados e respeitadores das regras.
Ainda é difícil saber a razão desse início que não empolga e faz as pessoas saberem mais das confusões e polêmicas de Pablo Marçal do que dos nomes dos candidatos de suas cidades aqui no Espírito Santo. Mas esse é um fenômeno a ser observado e avaliado para que se valorize o debate público e da política como meios de enfrentar os problemas e os desafios dos municípios. Na medida em que as campanhas não impactam a população, a escolha tende a ser pautada pelo desconhecimento das possibilidades e dos riscos para o futuro. A partir desta segunda-feira, faltam 41 dias para a votação e essa velocidade que parece ser a de se apresentar pessoalmente de porta em porta talvez não funcione nem para eleger associação de morador de bairro.