Money talks. A famosa expressão da língua inglesa é o novo ponto de preocupação da campanha democrata para a eleição de novembro. Depois do desastroso debate com o republicano Donald Trump, a equipe de arrecadação de fundos do presidente Joe Biden passou a não conseguir mais contato com eleitores dispostos a ajudar nos custos da corrida eleitoral.
Diferente do Brasil, nos Estados Unidos o financiamento das campanhas é privado e os concorrentes buscam quem possa e queira ajudar a pagar equipes, deslocamentos e propagandas, uma vez que também não existe na legislação americana um horário eleitoral gratuito disponível aos partidos.
Nesse cenário, o silêncio dos telefones indica que o dinheiro não quer falar com os democratas por agora. E isso diz muito sobre como Biden ainda não superou os obstáculos criados para a manutenção de seu posto como candidato. Nos bastidores, de acordo com a mídia americana, a vice-presidente Kamala Harris ganha espaço na preferência dos democratas em caso de retirada de Biden do processo.
Kamala tem aparecido sempre ao lado de Biden, demonstrando apoio ao presidente e sem expressar desejo de substituí-lo. Mas com a aproximação da eleição, os democratas ficam em uma situação na qual ou o chefe do Executivo desiste de concorrer e cede a vaga para evitar uma derrota para Trump ou, em uma manobra de comunicação, coloca-se a vice em destaque na campanha.
Caso isso aconteça, duas mensagens, ambas muito ruins para qualquer candidatura, serão passadas ao eleitorado americano. A primeira é aquela que dá conta de uma eleição de aparências, Biden ganha, mas Kamala governa. A segunda, igualmente ruim, é passar a ideia de que o presidente, depois de reeleito, não completará um segundo mandato, passando o posto para a vice. Nas duas hipóteses, fica a questão: por que adiar?
Se o dinheiro fala, como diz o ditado, seu silêncio ao telefone responde a questão pelo lado dos apoiadores e financiadores. Mas parece que Biden não vai ouvir ninguém além do Todo Poderoso, como disse em entrevista na sexta-feira.