Nos campeonatos de futebol é comum ouvir a cada rodada, se terminasse agora o campeão seria. Nas pesquisas de opinião que vêm sendo conduzidas, e serão apresentadas até outubro, os eleitores vão responder à pergunta, se a eleição fosse hoje. Pois bem, terminado o primeiro fim de semana de campanha oficial, se o troféu de principal e mais ativo cabo eleitoral tivesse de ser entregue nesta segunda-feira, dois nomes dividiriam o posto com méritos: o prefeito da Serra, Sérgio Vidigal (PDT) e o deputado federal Da Vitória (PP).
Em Cachoeiro, poderíamos destacar, como uma honra ao mérito, o deputado estadual e candidato do PP, o interminável Theodorico Ferraço, que é cabo eleitoral dele mesmo e poucas pessoas teriam a força na cidade para ser mais influente a ponto de fazer a diferença. Mesmo seu filho, vice-governador do Estado, Ricardo Ferraço (MDB), não detém o capital político do decano que já administrou o município quatro vezes, acumulando nessa jornada todos os ônus e os bônus de um passado cheio de histórias.
Mas aqui tratamos de quem trabalha para repassar seu prestígio, e consequentes votos, aos seus ungidos. Vidigal e Da Vitória vencem a primeira rodada pela dedicação e pela presença, tão constante e em tantos eventos que, em alguns momentos, faz parecer que sejam os dois que estão se apresentando para o eleitorado. Na Serra, o candidato do prefeito se chama Weverson Meireles, sabemos, mas o eleitor da cidade ainda não associou os dois nomes como parte de um mesmo projeto e, em uma cidade sem programa eleitoral na TV, essa ligação é mais difícil de ser costurada e precisa ser uma construção ao custo de sola de sapato.
Vidigal demonstrou nos primeiros movimentos que está disposto a não economizar calçado, suor e seu prestígio pessoal nessa empreitada. Nas fotos da declaração de apoio da Convenção das Assembleias de Deus no Estado do Espírito Santo a Weverson, importante para equilibrar o jogo na comunidade evangélica do município, lá está o prefeito, ao centro da imagem tendo seu candidato de um lado e o presidente da instituição, pastor Arnaldo Candeias, de outro, como fiador do aperto de mãos entre ambos.
Nas ruas, como demonstram vídeos publicados nas redes sociais, Vidigal é cumprimentado sempre primeiro pelos moradores e em seguida apresenta Weverson que, ao seu lado, muitas vezes parece tímido e recatado. Na mais recente pesquisa Futura realizada no início do ano, o prefeito aparecia como favorito à reeleição com uma margem confortável que agora precisa ser transferida a seu pupilo eleitoral. Nesta sexta, sábado e domingo, no que dependesse do esforço e dedicação do líder pedetista essa transferência seria possível, mas é uma longa escalada de uma montanha bastante íngreme, uma vez que os números de Weverson estão abaixo da margem de erro do levantamento.
Enquanto isso, por todo o Estado e em vários palcos, Da Vitória parece fazer uma corrida ao governo do Estado ou ao Senado. Um eleitor desavisado, ao ver o Instagram do deputado federal desde os últimos quinze dias, teria dúvida se em outubro a eleição é realmente para prefeito. O parlamentar aparece pedindo votos e declarando apoio a seus candidatos em muitos municípios e mesmo que pontualmente ele não venha a ser o motivo da conquista de voto pela transferência de prestígio, sua presença em tantos lugares em apenas três dias é uma demonstração de força política e de vontade que impacta no conjunto.
Poderíamos considerar o fato de Da Vitória ser o presidente estadual do PP como uma explicação de seu esforço, mas ainda assim, na comparação com os líderes das demais siglas, ele se sobressai de forma a causar espanto. E quando comparado aos demais deputados federais, estaduais e senadores, a impressão é que ainda não foi avisado a eles sobre o início da corrida eleitoral neste fim de semana. Aqui ou ali, poderíamos destacar uma ou outra cena, como por exemplo a do presidente da Assembleia, deputado Marcelo Santos (União Brasil), dançando nas ruas da Serra com o candidato Pablo Muribeca (Republicanos), mas seria pouco mais que isso mesmo: exemplos pontuais e exceções.
Já o governador Renato Casagrande (PSB) sextou com imagens de uma grande panela de polenta, desceu de tirolesa em Pancas, andou de carrinho de rolimã e pedalou 56 quilômetros no entorno da Lagoa Juparanã. Pelo menos foi isso que ele fez questão de destacar publicamente em suas redes sociais. No Palácio Anchieta, ainda não é período eleitoral no Espírito Santo.