Não é possível definir, com base nas pesquisas divulgadas até aqui, quem estará no segundo turno nas eleições na Serra, mas uma coisa parece certa: Muribeca vai precisar do apoio de seu partido, o Republicanos, se não quiser ver Weverson Meireles (PDT) crescendo em seu retrovisor até outubro. O outro candidato, Audifax Barcelos (PP), tem a seu favor, além da liderança nos levantamentos tanto do Futura como do Ipec, a lembrança da população por suas gestões à frente da administração municipal, as obras que levam sua assinatura e uma rede de apoiadores nos bairros mantida ao longo dos vários anos de polarização com o prefeito Sérgio Vidigal.
O cenário geral aponta para o crescimento de Weverson com a aproximação cada vez mais crescente de sua imagem com a de Vidigal. Mas, como escrito nesta Vírgula mais de uma vez, o prefeito da cidade ao decidir não concorrer à reeleição deu a seu pupilo uma montanha muito íngreme para ser escalada. Seu empenho nas últimas semanas tem sido compatível com o tamanho da tarefa que se dispôs a enfrentar e é bastante nítido, na quantidade quase diária de decisões judiciais a colocar limite na campanha do PDT e nas publicações das redes sociais, que ele vai colocar todo seu capital político no jogo.
É evidente que Audifax não vai poder jogar parado, mas, entre as duas opções a serem ultrapassadas eventualmente por Weverson, Muribeca é hoje o alvo mais acessível para que Vidigal o emplaque em um eventual segundo turno. E isso pode ser medido por números e também por fotos, vídeos e ausências marcantes. Na campanha do Republicano, até o momento, aparecem em dancinhas constrangedoras o presidente da Assembleia, Marcelo Santos (União Brasil) e o deputado federal Amaro Neto (Republicanos). Até agora, nenhuma grande manifestação da direção da sigla, que gostaria, obviamente, de conquistar a prefeitura do maior colégio eleitoral do Estado, mas não parece ter esse objetivo como clara prioridade.
Nas redes sociais, as publicações de Muribeca mostram ruas vazias, enquanto Vidigal e Weverson fazem questão de mostrar vias sempre cheias e recepção sempre calorosa por parte da população. Não é mais que uma impressão, mas nesta segunda-feira a campanha do deputado estadual colocou no ar um post curioso no qual o candidato aparece celebrando o segundo lugar na pesquisa Ipec. O instituto, em levantamento publicado pela Gazeta, apontou Audifax em primeiro com 39%, Muribeca com 28% e Weverson com 14%.
“Pesquisa aponta: a Serra quer Pablo Muribeca prefeito”, informa a publicação com o gráfico ao lado. Difícil entender casar a mensagem com os números a não ser pela análise dos dois levantamentos anteriores realizados pelo Futura. No primeiro, no cenário sem a presença de Vidigal, Weverson aparecia com 1,9%. No segundo, o candidato do PDT subiu para 8,1%. E agora, ainda que não seja metodologicamente correto avaliar tendências com base em duas amostragens diferentes, o pedetista segue se aproximando.
A pouco mais de 30 dias da eleição, os dados da resposta espontânea são os que mais apontam motivos de preocupação para Muribeca. O Ipec registrou que hoje 37% dos eleitores não sabem ou não se sentem capazes de responder em quem votariam. O índice aponta que a população ainda não teve contato suficiente com a comunicação das campanhas. Somado a isso, ao serem confrontados com os nomes, 23% rejeitam Audifax, 21% não querem Muribeca e 11% não votariam em Weverson. O desconhecimento ao lado das taxas de rejeição projetam uma disputa a ser decidida na linha de chegada. E Muribeca, ao celebrar o segundo lugar como se representasse uma vitória, acaba assinando um atestado de preocupação com a dupla Weverson Vidigal.
E Audifax? O ex-prefeito, diante do atrito que deve ocorrer entre Muribeca e Weverson provavelmente vai manter sua estratégia de mostrar que a cidade precisa de alguém com experiência, seus dois concorrentes nunca venceram uma eleição majoritária. Além disso, pelo histórico das disputas entre Audifax e Sérgio Vidigal ao longo dos anos é natural e lógico supor que boa parte dos votos declarados a Muribeca são na verdade do eleitorado do atual prefeito. O papel de Audifax é conseguir trazer para si os eleitores que não desejam a continuidade da gestão atual e podem sobrar em uma eventual desidratação de Muribeca.
Audifax conta com a poderosa máquina partidária do PP e a Serra é uma conquista que o presidente estadual da sigla, deputado federal Da Vitória, tem grande interesse em conquistar para fortalecer seus projetos futuros. Weverson tem ao seu lado Vidigal e o governador Renato Casagrande (PSB), deputados estaduais da cidade e até de partidos que não o apoiam formalmente, como é o caso de Fabrício Gandini (PSD). Muribeca, até o momento, tem uma demonstração de fraqueza e isolamento, mesmo com bons números. O que é muito estranho e curioso, uma vez que políticos sempre gostam de estar em palanques e caminhadas de quem esteja bem cotado pela população.