O PSB parece seguir um padrão político: a busca por mandatos às custas da coesão partidária e da coerência observada pelos eleitores. Recentemente, enquanto o secretário de Ciência e Tecnologia, Bruno Lamas, acompanhava o deputado estadual Tyago Hoffmann em Guaçuí para apoiar o candidato do PP na cidade, o diretor do DER, José Eustáquio Freitas, se alinhava em Nova Venécia com o candidato do Podemos, também ao lado de Hoffmann. Em ambos os casos, contra candidatos do próprio PSB nas poucas cidades médias nas quais a sigla tem chances de vitória.
Lamas e Freitas, assim como Hoffmann, são candidatos em 2026 e seguem uma estratégia bem conhecida de apoiar aliados que, independentemente do partido, possam viabilizar suas próprias candidaturas e garantir vitórias. Esse padrão revela uma prioridade clara: assegurar mandatos eletivos, mesmo que isso signifique ignorar o futuro do PSB após 2026.
A estratégia em questão pode gerar desconfiança entre os eleitores, pois as candidaturas apresentadas como “do governador” ou do “partido do governador” acabam desmoronando diante das ações dos envolvidos. O trio composto pelo deputado, pelo secretário e pelo diretor do DER está simplesmente seguindo uma lógica que o PSB já demonstrou anteriormente.
Em 2020, a legenda lançou candidatos a prefeituras de importantes municípios como Serra e Vitória, mesmo com o governo estadual apoiando candidatos de outras siglas. Bruno Lamas na Serra e Sérgio Sá em Vitória disputaram contra candidatos que contavam com o suporte direto de Casagrande, como Fabrício Gandini (então no Cidadania) e Sérgio Vidigal (PDT). A votação de Lamas, por exemplo, contribuiu para um segundo turno disputado por Vidigal e Fábio Duarte (Rede).
Essa situação cria confusão entre os eleitores e demonstra o padrão que o PSB vem cultivando no próprio quintal. A discrepância entre o candidato próprio da sigla e o candidato apoiado pelo governo é uma constante, revelando uma crise e um possível esvaziamento da legenda no Espírito Santo após o fim do mandato de Casagrande em 2026.
Renato Casagrande, figura histórica do PSB desde a década de 1990, exemplifica bem esse padrão. Ele ocupou diversos cargos políticos, incluindo deputado estadual, vice-governador, deputado federal, senador e governador por três mandatos, além de ser secretário-geral da Executiva Nacional do partido. Sua influência na sigla é notável, tanto em nível estadual como nacional.
Durante seu primeiro mandato como governador, Casagrande focava no crescimento do PSB. No entanto, ao retornar ao Palácio Anchieta em 2019, ele se dedicou a manter o controle do partido e adotou o pragmatismo das coalizões para garantir vitórias eleitorais e governabilidade, aproximando-se do campo conservador nas eleições de 2022.
Após 2026, qualquer previsão sobre o futuro da legenda e de Casagrande segue essa lógica. O partido provavelmente terá um desempenho mediano nas eleições municipais deste ano e repetirá o mesmo resultado em 2026. A saída de Casagrande do Palácio Anchieta poderá levar a um novo esvaziamento da sigla, semelhante ao ocorrido em 2015. Alguns atores poderão sobreviver, mas a falta de comprometimento com o futuro do PSB pode resultar em uma repetição da desintegração já demonstrada antes.