O que há em comum entre Cariacica, Vila Velha e Colatina que faz o governador Renato Casagrande (PSB) empenhar tanto esforço e tempo sobre palanques a mais do que em outras cidades do Estado? Nesta quinta-feira, ele foi à cidade do Noroeste realizar uma cerimônia para assinatura do edital de construção da terceira ponte sobre o Rio Doce na cidade, além de anunciar outras obras. O movimento que favorece claramente o prefeito Guerino Balestrassi (MDB) é semelhante, ainda que em um tempo diferente e beirando um drible na legislação eleitoral, ao feito nas cidades administradas pelos candidatos à reeleição Arnaldinho Borgo (Podemos) e Euclério Sampaio (MDB) no período de pré-campanha.
Primeiro, ao que parece, Casagrande demonstra ter, até o momento, certa preferência por candidatos que buscam por um segundo mandato. E a resposta para a pergunta do primeiro parágrafo pode estar ligada à conformação das alianças em torno dos candidatos nos três municípios. Exceto por Colatina, onde o Republicanos e o União Brasil apoiam Renzo Vasconcelos (PSD), os três palanques reúnem as principais legendas do Estado com maior número de lideranças dispostas a ver a eleição de outubro como um passo para a sucessão do governador em dois anos: o MDB do vice-governador Ricardo Ferraço, o PP, do deputado federal Da Vitória, o Podemos do deputado federal Gilson Daniel e o PSB, do próprio governador. E as duas exceções na cidade, apesar de estarem em um lado diferente, na prática não oferecem ao candidato do PSD mais do que tempo de televisão no horário eleitoral.
O deputado estadual Sérgio Meneguelli (Republicanos), principal eleitor da cidade, segundo pesquisas, segue calado e publica indiretas vazias. Nesta quinta-feira ele esteve na cerimônia, foi convidado a subir ao palco, recusou e, em seguida, postou um vídeo no qual diz que é preciso renovar, mas sem pedir voto ou se comprometer diretamente com nada ou com ninguém. Ainda há quem espere que em algum momento nos próximos 30 dias ele venha a participar da eleição, mas até agora o máximo que ele fez foi isso. O União Brasil, por sua vez, é um balaio que neste momento pouca ou nenhuma diferença faz para contar a história desta eleição ou da próxima. Afora o momento turbulento da chegada do deputado estadual Marcelo Santos, nada de eleitoralmente relevante acontece pelos lados da legenda e o presidente da Assembleia faz um périplo por cidades do interior como um candidato a deputado federal.
É verdade que Casagrande realizou eventos na Serra e fez vídeos em São Mateus, mas esses dois casos são uma espécie de cota pessoal do governador. Ele tem compromissos e relacionamento político de longa data com o prefeito Sérgio Vidigal (PDT) e seu apoio a Weverson Meireles não passa pelos cálculos do futuro. Quase o mesmo acontece quando ele abraça e pede votos a Carlinhos Lyrio. Lá, trata-se de um apoio indireto ao presidente do DER, José Eustáquio de Freitas (PSB), que após ser derrotado na eleição de 2022 tenta se recolocar no jogo para a eleição a deputado federal em 2026. Nesta quinta-feira, aliás, Freitas estava ao lado do chefe do Executivo no anúncio da terceira ponte em Colatina.
Nos municípios onde o governador, digamos assim, pegou mais pesado e pôs a mão na massa para todos verem, os concorrentes aos principais postos em jogo na eleição de 2026 estão todos lado a lado no palanque. No futuro, eles vão tomar caminhos diferentes e talvez se tornem opositores na disputa eleitoral, mas por agora convém a todos manter uma espécie de armistício para que as forças se acomodem até que o cenário para 2026 saia das urnas de outubro.