A indefinição do prefeito e candidato à reeleição em Vitória, Lorenzo Pazolini, começa a parecer desconfiança em relação aos aliados e falta de humildade na disputa eleitoral. No futebol, o popular jogar de salto alto ou o já ganhou, costuma ser mau prenúncio. Nesta sexta, na sede do Republicanos, ele ouviu os gritos de “primeiro turno” e sobre ser candidato a governador, desconversou. Há quem diga que o alcaide está com um pouco de vaidade, que nunca se mostrou boa conselheira.
Uma convenção sem festa e sem público de multidão foi anunciada como demonstração de simplicidade, que deveria caracterizar a personalidade de Pazolini segundo o discurso distribuído nas redes por ele e pelo partido. Mas o isolamento em uma sala da Enseada do Suá sem luxo, é verdade, sem pompa e sem vice, deixa no ar a questão: o que o prefeito, afinal, quer guardar só para ele?
Donos de grandes capitais políticos, normalmente, gostam de apresentar apoiados e apoiadores como forma de exibirem suas capacidades de influenciar os rumos do poder. O prefeito da capital prefere não passar prestígio e deixa o sentimento de não fazer a mínima questão de receber, ou de precisar, da notoriedade de ninguém. Parece mesmo embevecido pelo “primeiro turno” e certo de uma conquista tão acachapante que sua chegada ao Palácio Anchieta é mera questão de meses para acontecer.
Caso sejam esses os conselhos do espelho, convém lembrar que a vida continua depois de outubro e, seja qual for o resultado da eleição municipal, haverá outras personagens na floresta. E aí talvez, diferente da história infantil, não sejam anões a proteger as novidades do reflexo e nem haja caçadores a mandar que os outros se escondam. Assim chegamos ao vice que ainda não veio na chapa do candidato à reeleição.
Se pretende ser governador, deixando a Prefeitura de Vitória no início de 2026, o prefeito precisará deixar em seu lugar alguém que seja mais do que um aliado. Seu sucessor, em caso de renúncia para voos de cidade alta, tem de ser um cabo eleitoral, um defensor de seu legado, um propagador de seus feitos; tem de ser o espelho, mas que, neste caso, nunca pronuncie outro nome senão o dele: Pazolini.
As opções sobre a mesa até agora estão restritas a duas. A primeira é a do seu ex-secretário Aridelmo Teixeira (Novo), cuja ambição de adentrar florestas se resumiria a uma tentativa de reeleição, que teria chance de sucesso caso o padrinho político chegasse ao governo do Estado. A segunda é abraçar um dos três nomes indicados pelo PP.
E aqui não importa realmente saber que uma se chama Cris, outro Piquet e o terceiro Delmaestro. Interessa, nessa alternativa de escolha, saber se o prefeito, querendo se reeleger, acreditando nos aplausos de sua plateia e imaginando, desde hoje, uma rota predestinada à cadeira de Casagrande, confia no espelho do partido presidido pelo deputado federal Da Vitória.
O resto são contos de fadas e lendas urbanas.