O PL quase triplicou sua participação relativa nas eleições para vereadores nas câmaras municipais do Espírito Santo. O partido tinha 2,55% do total de 11.807 candidatos em 2020. Nesta eleição, a legenda cresceu para 7,76% dos 9.193 postulantes. A análise dos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que o presidente estadual da sigla, senador Magno Malta, está realmente disposto a criar uma base nas cidades para a eleição de 2026, como afirmou à colunista de A Gazeta, Letícia Gonçalves, em julho. “Vamos trabalhar muito em 2024, mas com foco em 2026”, afirmou.
Os números do TSE confirmam que o partido de Valdemar Costa Neto se preparou para as mudanças nas regras que elegem os vereadores. O chamado quociente partidário determina quantos parlamentares cada sigla terá de acordo com a votação de todos os candidatos da chapa em cada município. Em 2020, havia a coligação para as eleições proporcionais e a soma da votação de, por exemplo, 30 participantes acabava por dar a vaga a um ou dois concorrentes das várias legendas coligadas. Neste ano, a regra mudou.
Agora é cada um por si e os partidos precisam ter chapas que sozinhas alcancem o número de votos para que seus candidatos cheguem às câmaras municipais. O PL entendeu bem isso e tratou de mobilizar 713 de seus filiados a concorrerem. Aliado a isso, a estratégia de Malta incluiu não ter coligações majoritárias nos municípios, o que por um lado enfraquece as pretensões da legenda aos executivos, mas, por outro, reafirma a intenção de manter sua base focada em ocupar os legislativos.
A questão é: faz sentido? Faz. A quase totalidade dos municípios depende de repasses de emendas e verbas constitucionais do Estado e da União, o que faz do governador e dos deputados federais e estaduais os grandes cabos eleitorais para outubro. Mas daqui até 2026, quem frequenta as bases e as comunidades não são esses políticos e nem os prefeitos, mas sim os vereadores. E não é por acaso que o PSB do governador Renato Casagrande teve a maior participação entre candidatos a câmaras de vereadores em 2020, com 8,31% do total, e repete a primeira posição agora em 2024, com 9,17%.
Em termos de resultados, as estatísticas também favorecem a estratégia eleitoral de Malta. Em 2020, o PSB teve 9,19% de todos os votos a vereador no Estado. O segundo partido mais votado foi o Republicanos, com 6,72%, o terceiro foi o PSDB, com 6,07%, e o quarto o PP, com 5,89%. Não por acaso, essas foram as quatro legendas que mais lançaram postulantes aos legislativos municipais quatro anos atrás.