Ainda falta longa caminhada para as eleições de 2026 e, como apontou A Vírgula, não há ainda um substituto da era Hartung-Renato que brilhe os olhos do mercado político ou da população. A exceção talvez seja o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (Podemos), com ares de estar “fadado a chegar lá”, mas que tem sido freado por veteranos que esperaram uma chance por mais de 20 anos (duração do revezamento Paulo Hartung e Renato Casagrande).
De qualquer forma, só no Podemos há três pretendentes ao Palácio Anchieta: o próprio Arnaldinho, o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos, e o deputado federal e presidente do partido, Gilson Daniel. Diante de tanto cacique, a sigla se encontra sob a aura de um muro de insatisfações.
E o imbróglio não parte apenas dos três aspirantes ao maior cargo do Estado. Em entrevista exclusiva para A Vírgula , o agora ex-secretário de Segurança Pública do ES coronel Alexandre Ramalho disse cogitar sair do partido, uma vez que ainda não tem respaldo para disputar a prefeitura de Vitória, bem como não lhe é dado espaço suficiente para desenvolver seu projeto político. Ramalho reclama de ser usado para, na verdade, sustentar interesses de dirigentes.
Em 2023, no mercado político rodou as intenções de Marcelo Santos de achar um partido para chamar de seu. Foi apontada a possibilidade, por exemplo, de o deputado presidir o MDB, à época ainda em guerra entre os antagônicos Rose de Freitas, ex-senadora, e Lelo Coimbra, ex-deputado federal. Não vingou: o vice-governador Ricardo Ferraço assumiu a legenda.
Mas Marcelo não parou suas investidas de Poder e expansão, como analisou a coluna Vítor Vogas no ES 360. Tomou para si, sem sair da sigla oficial, o Solidariedade e o Partido Renovação Democrática (PRD), resultante da fusão entre Patriota e PTB.
Nos dois casos, segundo apurou Vogas, a estratégia foi compor as Comissões Executivas Provisórias dos partidos com auxiliares diretos de Marcelo, comissionados da Casa, na Assembleia. Isto é, o Podemos não tem sido suficiente para seu poder de influência em 2024 e 2026.
Arnaldinho Borgo, por sua vez, entende a notoriedade que conquistou com seu marketing insaciável e uma gestão eficiente. Quer furar a fila dos veteranos e, impaciente, está incomodado nos arredores do Podemos por não poder dar um passo a mais. Além de sentir-se boicotado.
Enquanto isso, Gilson Daniel tem suas próprias ambições e a relação a ser mantida com o governador. Nas eleições de 2022, Casagrande precisou do Podemos. Mas Gilson, de certa forma, também teve retribuição com apoio massivo a sua candidatura à deputado federal.
Aguardemos os próximos passos.