A partida, de fato, está aberta para as eleições estaduais em 2026. Há alguns atores com a ambição de liderar o fim do ciclo Hartung-Renato, momento aguardado há mais de 20 anos pelo mercado. Mas a percepção de que há um substituto natural, ou mesmo dois representantes opostos proeminentes que possam duelar pelo cargo, ainda está como uma névoa dispersa. Nem mesmo o vice-governador Ricardo Ferraço (MDB) tem esse título naturalmente.
Hoje, o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (Podemos), talvez seja quem se aproxime da ideia de que está fadado a “chegar lá”. Mas o mercado e os políticos mais experientes, que tanto aguardaram este momento, já disseminam o discurso de que não está na hora de um voo tão alto para o jovem promissor. É como se dissessem “aguarde na fila”, tal qual um pai que pede ao filho para comprar pão na padaria “porque você é mais novo que eu”.
Diante desse cenário, tem-se formado a narrativa de um momento crucial e até místico para o ES, de modo que “não podemos deixar o Estado afundar após anos de organização e com as finanças em dia”, posicionamento favorito de governistas na última década.
Essa perspectiva de não deixar o Estado escapar para mãos erradas foi vociferada abertamente pelos chefes do Poder Executivo, Renato Casagrande (PSB), e Legislativo, Marcelo Santos (Podemos), em entrevista exclusiva para A Vírgula.
O primeiro foi categórico: “A população não pode permitir que sente nesta cadeira aqui gente que governe só para os seus”. O gesto de Casagrande foi firme ao dizer tais palavras, como você pode acompanhar na entrevista. Ele gesticulou, é possível notar, para a cadeira em que estava sentado, num simbolismo irrefutável de que ela tem dono; e de que esse dono vai participar da transição em 2026.
Já Marcelo Santos afirma que o pleito “é uma responsabilidade de todo capixaba, uma preocupação que todo capixaba tem de ter”. “Se voltarmos no tempo, o Estado estava falido”, aponta o presidente da Assembleia, em seguida reforçando que fez parte de um processo de reconstrução do ES após os tempos tortuosos da Era Gratz.
Hoje, portanto, não se sabe exatamente para que mãos, certas ou erradas, o comando do ES pode ir, a não ser por especulações incertas ou desejos esperançosos. Nomes como o do próprio Marcelo, do deputado federal Gilson Daniel (Podemos) – como A Vírgula analisou -, do deputado federal Josias Da Vitória (PP), de Ricardo Ferraço, entre outros, estão no jogo. Porém, nem tão solidificados.
Os candidatos a donos da bola, pelo menos, já se movimentam com a língua afiada: não deixar o Estado voltar à Era da escuridão. Participar do processo de 2026 é desejo de todos. Liderar o futuro, todavia, é outra história: o personagem será escolhido a dedo pelos mesmos. Resta saber quem pode assustar mais em 2026: os fantasmas do passado, do presente ou do futuro.