Nesta sexta-feira entra no ar a propaganda eleitoral gratuita de rádio e televisão e o embate das campanhas deve ocorrer nos bastidores para conseguir os melhores horários para os anúncios em programas populares. Há uma queda na audiência geral das emissoras enquanto crescem os acessos às redes sociais por parte dos espectadores, mas ainda resistem à investida digital os eventos únicos, ao vivo e de grande apelo. E esse deve ser o centro da disputa pela maior e melhor exposição dos candidatos.
Novelas, futebol, programas de auditório, essas seriam as primeiras atrações a mobilizar o senso comum para escolher onde encaixar as inserções. Mas há uma certa sutileza na compreensão de como a TV e o rádio se encaixam no dia a dia das pessoas e das cidades. É claro que associar a marca a um dos escudos da primeira divisão do campeonato brasileiro ou a uma celebridade sempre será atraente. No entanto, as dinâmicas sociais e os espaços nos quais os celulares são colocados de lado e a tela grande reina devem ser levados em consideração.
E não há como errar: seu horário de almoço no restaurante self-service de comida a quilo terá como trilha sonora o famoso, popular e interminável você me conhece. E se não conhecia, vai ser apresentado antes do café na fila em direção ao caixa. Não importa muito que o programa atenda a essa ou a aquela parcela segmentada da população, as pessoas comem na hora do almoço e os talheres produzem, nesse ambiente específico, a mágica moderna de reduzir o alcance dos celulares. Mas aí vem o truque da cauda longa, que é basicamente a medição da capacidade de se vender que o candidato consegue obter.
Já foi comum em outras eleições, e será possivelmente ainda mais nessa, ouvir a seguinte frase: conheça mais acessando meu site, meu canal do YouTube, minhas redes sociais. Dessa forma, medindo as audiências desses canais, os profissionais de comunicação podem saber o quanto as campanhas na TV e no rádio estão se convertendo em ação e interesse e qual o segmento da população está oferecendo maior resposta ao reclame. Dessa forma, os anúncios de TV não são entes isolados, mas fazem parte de um ecossistema integrado de comunicação.
E existe quem pense, tudo bem, mas rádio em 2024? Obviamente que essa pergunta está relacionada às grandes cidades. Ninguém que tenha a mínima vivência nos municípios do interior formularia uma questão assim, mas mesmo nas áreas de grandes populações ela só faz sentido por ser essa a grande virtude do rádio para a comunicação: ele é literalmente invisível. E assim como os restaurantes, e salões de beleza e barbearias, no caso da TV, os programas dos horários de trânsito mais intenso são estrelas.
E nesse aspecto, as eleições permitem que se reafirme a presença das mídias com bastante protagonismo no cotidiano. E basicamente como se nesse período, rádio e TV pudessem falar e nos dissessem: você me conhece!