O advogado é indispensável à administração da justiça. Com essa declaração expressa no artigo 133 da Constituição Federal de 1988, a intenção do legislador constituinte foi consolidar a função social dos advogados e advogadas.
Numa breve viagem histórica no tempo, no dia 11 de agosto de 1827, D. Pedro I criou os dois primeiros cursos de Direito em terras brasileiras: a Faculdade de Direito de Olinda e a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Profissão de notoriedade e respeito desde aquela época, foi abraçada por importantes nomes da cultura e da literatura, como Gonçalves Dias, Castro Alves e Silvio Romero, que se formaram bacharéis em Direito. A data, então, se tornou o marco comemorativo da profissão que desempenha papel fundamental na defesa da justiça e na garantia dos direitos dos cidadãos. Mas hoje, além de comemorar, também é um momento propício para refletir sobre a importância da advocacia na sociedade contemporânea.
Ao longo da história, o desempenho da advocacia sempre exigiu não apenas conhecimento técnico, mas também uma profunda compreensão dos valores éticos e sociais. Isso porque advogados e advogadas são os agentes que garantem que os direitos individuais e coletivos sejam respeitados e concretizados, sendo sua atuação vital para o funcionamento do Estado Democrático de Direito. Entretanto, o cenário atual apresenta uma série de desafios que tornam essa missão ainda mais complexa.
Um dos principais desafios enfrentados pela advocacia contemporânea é a rápida evolução da tecnologia e sua influência no campo jurídico. Expedientes como virtualização de processos, inteligência artificial, automação de tarefas e realização de audiência on-line estão mudando a dinâmica de trabalho dos advogados. Muito embora essas ferramentas tenham o condão de aumentar a eficiência e a produtividade, elas também impõem a necessidade de adaptação e atualização constantes. Os profissionais do direito passaram a ter que estar preparados para lidar com as novas tecnologias e, principalmente, manuseá-las, o que exige agilidade, investimento em formação e aprendizado contínuo.
A luta por direitos humanos e justiça social também representa um desafio significativo para os advogados contemporâneos. Em um contexto global marcado por desigualdades e violações de direitos, os advogados devem ser os defensores incansáveis das causas sociais. Isso inclui a defesa dos direitos das minorias e dos mais vulneráveis, a promoção da igualdade de gênero, o combate à discriminação racial e a luta contra a corrupção.
Além disso tudo, é importante mencionar a atual necessidade de os advogados ressignificarem a postura tradicional da judicialização, assim propondo alternativas ao ajuizamento de demandas no Poder Judiciário. Ou seja, a contemporaneidade pede e espera uma advocacia mais humanizada e capaz de provocar mudanças sociais pautadas na pacificação social e nos métodos alternativos de solução dos conflitos.
Por fim, o avanço das questões ambientais e a necessidade de uma advocacia sustentável são aspectos que não podem ser ignorados. O direito ambiental ganhou destaque nos últimos anos, e os advogados têm um papel importante na defesa de políticas que promovam a sustentabilidade e a proteção dos recursos naturais. A conscientização sobre as questões climáticas e o papel do direito na busca por soluções são fundamentais para o futuro da advocacia.
Toda a metamorfose ocorrida nos últimos anos revela a complexidade vivenciada pelos advogados. A atuação da classe é tão intrínseca ao funcionamento da sociedade que, no contexto de 2024, deve mirar no horizonte da multidisciplinariedade e da pacificação social, com a mesma capacidade resolutiva e destemida de sempre. Mas agora, com novos e atuais propósitos.
Em suma, o Dia da Advocacia celebrado em 2024 nos convida a refletir sobre o papel essencial que nós desempenhamos na sociedade contemporânea. Em meio a desafios tecnológicos, sociais e éticos, a advocacia se reinventa, se ressignifica e se fortalece, reafirmando seu compromisso com a justiça e com a defesa dos direitos humanos. É um momento de celebração, mas também de conscientização sobre a importância de valorizar e apoiar esses profissionais, que, diariamente, lutam por um país mais justo e igualitário. Que este dia sirva como lembrete da relevância da advocacia na construção de uma sociedade onde cidadania, dignidade e justiça sejam garantidas a todos, sem distinção.