Da mesma forma como em Guaçuí, o vice-líder do governo na Assembleia, deputado Tyago Hoffmann (PSB), parlamentar mais próximo do governador Renato Casagrande, está apoiando um candidato contra a chapa encabeçada pelo ex-prefeito Barrigueira Lubiana, uma das principais lideranças dos socialistas em Nova Venécia.
O deputado Hoffmann, que cumpre seu primeiro mandato eletivo após passar por diversas secretarias ao longo dos dois primeiros governos de Casagrande, parece estar acometido de um tipo de patologia comum à classe política brasileira: aquela que despreza a fidelidade e a construção de projetos partidários, priorizando a manutenção de amplas e heterodoxas alianças, casada com o atendimento dos interesses pessoais.
O candidato do deputado Hoffmann é o atual prefeito de Nova Venécia, André Fagundes (Podemos), também apoiado por outra grande liderança dos socialistas, o diretor-geral do DER e primeiro suplente de deputado federal do PSB, José Eustáquio de Freitas. Ambos estiveram no ato que consagrou a indicação de Fernandes à reeleição, na disputa contra Lubiana, que lidera as pesquisas de intenção de votos já publicadas.
Quando anunciou sua desistência de manter a pré-candidatura à Prefeitura de Vitória, em maio, Hoffmann justificou valendo-se de uma competente narrativa. Segundo ele, o próprio governador Renato Casagrande o convenceu a abandonar a disputa e o incumbiu de colaborar na articulação das forças políticas que integram o amplo e heterodoxo arco de alianças que se formou para a eleição e, posteriormente, para a governabilidade de seu terceiro mandato no Executivo
Como A Vírgula analisou na época, Hoffmann era considerado pelas demais forças políticas como alguém desprovido de condições de disputar com chances a Prefeitura da capital. Estava no jogo para projetar sua imagem junto ao eleitorado de Vitória, que o desconhecia quase que por completo, como atestavam as pesquisas divulgadas. Sua desistência, na verdade, evitou uma derrota que se prenunciava acachapante para ele e um desgaste desnecessário para Casagrande, apontado em todos os levantamentos como o ator político mais influente junto ao eleitorado de Vitória.
A partir dessa desistência, Hoffmann, cujos planos parecem mirar voos mais altos, começou a agir conforme a orientação do governador, e, a exemplo dele, muitas vezes desprezando o seu próprio partido, o PSB, em nome da manutenção de um arco de alianças amplo e diversificado, que mantém dentro de si diversos players que sonham e se articulam com vistas à disputa do Palácio Anchieta em 2026.
Outras siglas que se veem obrigadas a acordos e arranjos e muitas vezes “cortam na própria carne”, mas procuram manter espaços importantes que garantam a sobrevivência política da legenda. Não parece ser esse o caso do PSB capixaba na forma como vem sendo apresentado. A base, extremamente volátil e inorgânica, sente-se perdida e ameaçada diante da iminência do fim do governo Casagrande e da ausência de um nome viável dentre os socialistas para sucedê-lo.
Se o deputado Hoffmann exerce a função de colaborar na articulação, que desde 2022 pende de forma decisiva para o campo conservador, logo, estará o governador abandonando aliados fiéis como os candidatos Lubiana, em Nova Venécia, e Luciano Machado, em Guaçuí, em troca do apoio a outros nomes dentros da aliança mais ampla? Estará dividindo os apoios? Ou estará o Hoffmann agindo conforme seus interesses pessoais visando as eleições de 2026? São questionamentos que ficam em aberto diante do cenário nos dois municípios, importantes cidades de porte médio, e duas das poucas cidades onde o PSB tem, de fato, condições de eleger o próximo prefeito.