O prefeito Sérgio Vidigal prometeu uma surpresa para a convenção do PDT na Serra e aparentemente até ele considera surpreendente sua saída de cena em prol da candidatura de Weverson Meireles. Vidigal manteve a palavra e Weverson foi confirmado na noite desta segunda-feira como candidato do partido à sucessão de seu padrinho político, que abre mão de disputar uma reeleição e agora, definitivamente, se lança na missão de mostrar que tem capital político suficiente na cidade para levar um novato a vencer.
Nos bastidores da política, a crença era de que Vidigal blefava e assumiria a campanha. Não foi o caso. Mesmo o colunista Napoleão dessa A Vírgula relatou que secretários não estavam acreditando que ele se retiraria de fato. Presidentes de partido, políticos com e sem mandato, assessores experientes, ninguém acreditava. A surpresa, portanto, é não haver surpresa ou mudança de rumo nos planos traçados pelo líder pedetista.
Agora é avaliar cenários e reverter a desvantagem apontada pela pesquisa Futura feita na cidade em abril. Nos cenários nos quais o prefeito aparecia no formulário, sua vantagem sobre o segundo colocado era de 14 pontos percentuais, suficientes para colocá-lo como favorito do município com larga margem. Mesmo na pesquisa espontânea, quando o eleitor indica sua preferência sem que sejam apresentadas opções, Vidigal teria uma margem confortável com a mesma diferença sobre o segundo mais lembrado.
Com Weverson, o cenário muda. E começou a mudar dentro de casa, quase que literalmente. Mesmo o filho de Vidigal, o advogado Eduardo Vidigal, discordou da decisão do prefeito e abandonou o comando estadual do partido depois de apenas dois meses por ser contra a candidatura de Weverson. Na época, ele chegou a declarar à Folha Vitória que o PDT “vai diminuir” com ele na disputa.
A pesquisa Futura mostra que, de fato, será um árduo trabalho para o ex-secretário do Turismo do governo Casagrande escalar a montanha que tem pela frente, mesmo com o apoio de Vidigal e da máquina do governo municipal. Quando o nome do prefeito é retirado e entra o de Weverson, o ex-prefeito Audifax Barcelos (PP) aparece em primeiro lugar, empatado tecnicamente com o deputado estadual Pablo Muribeca (Republicanos), com 27,9% e 24,6% respectivamente. Weverson marcava, em abril, apenas 1,9% das intenções de voto, menos da metade da margem de erro da consulta, que foi de 4 pontos para mais ou para menos.
É possível reverter o cenário? Considerando que não seria algo inédito na história da política, a resposta é sim, mas cada cidade tem sua peculiaridade. E a da Serra é ser o maior colégio eleitoral do Estado, com mais de 360 mil pessoas aptas a votar, sem programa eleitoral na TV; Assim, conta mais a memória dos eleitores, para o bem ou para o mal, de trajetórias políticas consolidadas ao longo do tempo. Dificilmente, sem o apoio de mídia eletrônica, um nome se destaca nessa situação. Mas essa é a aposta de Vidigal para sua sucessão.
Resta agora saber se ele e Weverson serão capazes de aprontar uma surpresa em outubro.